Autora: Cassandra Clare
Editora: Galera Record
Número de páginas:
Classificação: 3/5
Sinopse: Um mundo oculto está prestes a ser revelado... Quando Clary decide ir a Nova York se divertir numa discoteca, nunca poderia imaginar que testemunharia um assassinato - muito menos um assassinato cometido por três adolescentes cobertos por tatuagens enigmáticas e brandindo armas bizarras. Clary sabe que deve chamar a polícia, mas é difícil explicar um assassinato quando o corpo desaparece e os assassinos são invisíveis para todos, menos para ela. Tão surpresa quanto assustada, Clary aceita ouvir o que os jovens têm a dizer... Uma tribo de guerreiros secreta dedicada a libertar a terra de demônios, os Caçadores das Sombras têm uma missão em nosso mundo, e Clary pode já estar mais envolvida na história do que gostaria.
Minha opinião:
Clary, de 15 anos, vai a uma discoteca com seu melhor amigo, Simon, para se divertir. Ela, porém, acaba presenciando o assassinato de um menino, por 3 jovens, todos cobertos com tatuagens estranhas. Após o sumiço misterioso do corpo, Clary indaga aos três o motivo do crime, e um novo mundo se descortina para ela: eles são Caçadores de Sombra (nephilim, filhos de anjos com humanos), que tem por missão exterminar os demônios da terra.
Quando sua mãe desaparece e Clary é atacada por um demônio, ela precisa contar com a ajuda dos Caçadores de Sombra: Jace, Alec e Isabelle, para encontrar as respostas sobre a causa do desaparecimento.
Entre criaturas do submundo e armas mágicas, que possuem o poder da cura, Cassandra nos conduz por um mundo sobrenatural diferente e recheado de ação.
Depois de muito ouvir falar na série Os Intrumentos Mortais, arrisquei comprar os 3 primeiros livros da série de uma vez só. Após muito tempo na minha estante, decidi pegar o primeiro livro para ler, e acho que fui com "muita sede ao pote".
Cassandra Clare fez uma verdadeira salada sobrenatural, ao misturar vampiros, lobos, demônios, feiticeiros, fadas e o que mais fosse produto do mundo fantástico, em seu livro de estreia.
A ideia, então inovadora, peca pela rapidez com que a autora despeja as inúmeras explicações em torno do mundo dos Caçadores de Sombras. Foram muitas revelações, para assimilar tudo em tão pouco tempo. A autora também correu na descrição e algumas cenas ficaram com aparência de mal acabadas.
Após esse início confuso, entretanto, a narrativa adquire um ritmo constante e eu me vi, enfim, envolvida na história.
Clare utiliza de muito humor, ironia e sarcasmo para compor os diálogos. Esse sarcasmo, inclusive, é uma das características na maioria dos personagens, com ênfase em Jace. Embora pareça um ogro, e totalmente insensível aos sentimentos alheios, ele é de longe o melhor personagem do livro. Cassandra imprimiu com muita originalidade as características da personalidade de Jace, criando um personagem diferente de todos que já conheci nos livros sobrenaturais - que não chega a ser um bad-boy, mas que cativa com seu jeitinho irônico (e totalmente sedutor).
Apesar de achar alguns pensamentos por parte de Clary bem avançados para a idade (ou vai ver sou careta demais), ela não é uma protagonista chata e fútil, o que me agradou bastante.
É interessante notar também que a autora não foca apenas em um personagem, e todos de alguma forma, ganham algum destaque na história.
A narração em terceira pessoa, por outro lado, deixa a desejar. Em muitos momentos senti falta de um aprofundamento em torno dos sentimentos dos personagens, especialmente os de Jace.
O enredo principal me lembrou muito Harry Potter, com toda a procura pelo Cálice Mortal. Portanto, a narração envereda por tantos caminhos, que o final se tornou imprevisível para mim.
A narrativa me surpreendeu em dois momentos: primeiro, pelo fato do romance não ser presença constante no livro (eu esperava algo meloso, mas gostei do modo como aconteceu); e segundo pela autora conseguir reunir tantas mitologias em um só livro, principalmente, a forma como ela abordou o homossexualismo de um dos personagens, sem que soasse forçado.
O que não me convenceu, foi o vilão Valentim. No começo eu achei que ele seria a "pedra no sapato" de todos no livro, mas devo admitir que a minha "queda" por personagens tidos como “malvados”, me fez criar certa simpatia por ele. Talvez, por isso, não consegui enxergar um vilão na história.
Apesar do começo frustrante e com um final digno de folhetim mexicano, Cidade dos Ossos me ganhou pela rapidez nos diálogos, e uma narração minuciosa, sem se tornar maçante. O livro me proporcionou boas horas de gargalhada e entretenimento. É um bom começo, mas eu esperava muito mais. Minhas expectativas estão todas em Cidade das Cinzas, continuação da série.